Agora ele está fazendo pós-graduação em Direito na USP e é estagiário na Procuradoria Geral de Contagem.
Os juízes se uniram para pagar a faculdade do faxineiro, que passava por dificuldades financeiras e familiares.
O rapaz nasceu em São Paulo e, aos 5 anos foi para Minas Gerais junto com a mãe, que havia acabado de se divorciar do marido. O jovem chegou a passar fome e dormir em igrejas e praças.
Pouco depois, a mãe teve problemas psicológicos e precisou ser internada. Samuel foi então acolhido por um casal que havia sido padrinho de casamento dos pais dele.
A nova família era formada por um marceneiro, uma faxineira e outros 11 irmãos.
Direito
A paixão pelo Direito começou a surgir no dia em que a adoção foi oficializada, ao visitar o Fórum de Contagem, na Grande BH. Com o passar dos anos, Silva percebeu que queria servir ao Judiciário e ajudar outras pessoas.
Em 2011, ele prestou vestibular para o curso em duas universidades. Foi aprovado nas duas, mas optou por seguir para a PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais).
Com a ajuda de uma professora de ensino fundamental, conseguiu pagar a matrícula, mas não teve dinheiro para pagar as mensalidades e cursou todo o primeiro período de forma inadimplente.
Sem poder fazer a rematrícula, o estudante decidiu trancar o curso, mas, antes, se inscreveu no serviço de voluntário conciliador, e conseguiu a primeira oportunidade de trabalhar em um fórum.
Lá ele conseguiu um emprego remunerado, no setor de serviços gerais. Silva conta que abraçou a oportunidade com muita gratidão.
“Admiro muito a profissão de faxineiro, que é a profissão de minha mãe adotiva. Comecei a trabalhar […] com muito amor e carinho”, afirmou.
Chamou a atenção
Em um dia de serviço, conversando com um grupo de servidores na garagem do Fórum de Contagem, Samuel defendeu um ponto de vista jurídico com bastante firmeza e chamou a atenção do juiz Wagner Cavalieri.
O magistrado procurou saber mais sobre o jovem e, após descobrir a paixão do estudante pelo Direito, decidiu se juntar ao juiz Afonso José de Andrade para apadrinhar o faxineiro.
Graças ao apoio financeiro, que também foi abraçado por outros magistrados, o jovem conseguiu se formar em Direito e se tornou o segundo dos 12 irmãos que alcançaram a graduação.
Superação
O magistrado Afonso Andrade relembra com carinho a história de superação de Silva e diz que as dificuldades da vida não abalaram o objetivo do estudante.
“Ele tem grandes virtudes. Vê-lo graduado foi um prêmio pra mim, sensação de satisfação por ter apoiado alguém que não poderíamos perder no mundo jurídico”, afirmou.
Samuel Silva é grato e conta que o apoio dos juízes foi determinante para que ele pudesse retomar os estudos.
A meta dele agora é ser juiz, como os padrinhos.
“Os juízes me apadrinharam e pagaram minha faculdade do 2º período ao final do curso e ainda quitaram a minha dívida que ficou do primeiro período. Foi muito importante para mim viver tudo isso. Quero ser juiz de direito para ajudar”, concluiu.
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