Uma das pautas trazidas pelo BBB 21 ontem (05/04) foi o racismo estrutural existente na nossa sociedade, especialmente na cena em que João, homem negro, cabelo crespo, expressa sua indignação pelo comportamento e atitudes do outro participante. Não sou assídua no quesito acompanhar o programa, mas vejo o que está acontecendo porque a internet nos traz tudo.
Li muitos comentários afirmando que o discurso de racismo é "mimimi", dizendo o quão mal caráter foi o João por esperar o programa ao vivo e expor sua indignação. Eu desejo que você reflita um pouco sobre o acontecimento de ontem.
O racismo estrutural está tão enraizado na nossa sociedade que se torna algo “imperceptível”, “expressão da opinião”. O local de fala é dos negros/negras que sofrem, estão cansados de ouvir as pessoas relativizarem e diminuírem a dor deles.
Se você observar as duas fotos deste post, perceberá que há uma mulher negra, sim, eu sou negra, pois existe várias tonalidades. Em uma foto estou com o cabelo alisado, desde os meus 09 anos de idade fazia procedimentos de alistamento por ter ouvido na escola que meu cabelo era de bombril, duro e acreditar que ele era ruim, quando apenas é um cabelo cacheado.
O racismo estrutural está tão enraizado na nossa sociedade que se torna algo “imperceptível”, “expressão da opinião”. O local de fala é dos negros/negras que sofrem, estão cansados de ouvir as pessoas relativizarem e diminuírem a dor deles.
Se você observar as duas fotos deste post, perceberá que há uma mulher negra, sim, eu sou negra, pois existe várias tonalidades. Em uma foto estou com o cabelo alisado, desde os meus 09 anos de idade fazia procedimentos de alistamento por ter ouvido na escola que meu cabelo era de bombril, duro e acreditar que ele era ruim, quando apenas é um cabelo cacheado.
Precisamos falar sobre racismo sim, todos os dias! - Fonte: @advogadanointerior |
Eu decidi alisar o cabelo, não porque eu quis, mas porque me fizeram acreditar, quando ainda era uma criança, que ele, no seu modo natural, não era bonito. Cresci acreditando no discurso do cabelo ruim e não conseguia ver beleza nos cachos. Fiz a transição capilar e hoje me sinto liberta. Na outra foto existe uma mulher apaixonada pelo seu cabelo.
“A Ludmilla fala de respeitar o cabelo crespo, mas tá com o dela alisado.” Cuidado com este discurso. Sabe a tal liberdade? Então, a Ludmilla usar um lace de cabelo liso, preto, channel, não tornou o discurso dela inválido. Nós podemos ter o cabelo que quisermos, mas precisamos que você respeite isso, inclusive quando usarmos black, crespo, cacheado, alisado.
A dor do João é a expressão do que o racismo causa , todos os dias, há tantos anos.
“A Ludmilla fala de respeitar o cabelo crespo, mas tá com o dela alisado.” Cuidado com este discurso. Sabe a tal liberdade? Então, a Ludmilla usar um lace de cabelo liso, preto, channel, não tornou o discurso dela inválido. Nós podemos ter o cabelo que quisermos, mas precisamos que você respeite isso, inclusive quando usarmos black, crespo, cacheado, alisado.
A dor do João é a expressão do que o racismo causa , todos os dias, há tantos anos.
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