A vacina, produzida na Índia, é a mais cara negociada pelo governo até agora, e as negociações são alvos de investigações da CPI e do Ministério Público.
Segundo o servidor do ministério, o encontro com o presidente da República aconteceu em 20 de março no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Ainda de acordo com Luis Ricardo Miranda, o irmão dele, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), também participou.
Segundo o servidor, a pressão para liberação da Covaxin partiu de:
- Alex Lial Marinho, à época coordenador-geral de Aquisições de Insumos Estratégicos para Saúde;
- Roberto Ferreira Lima, diretor do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde;
- Marcelo Bento Pires, diretor de Programa do Ministério da Saúde.
Conforme Luis Ricardo Miranda, após ter recebido o relato, Bolsonaro disse que iria tomar providências e acionar a Polícia Federal.
"Ele [Bolsonaro] se comprometeu a acompanhar, através do diretor-geral da Polícia Federal, e apresentar para uma investigação para verificar se existia algo ilícito", disse o servidor.
"Ele [Bolsonaro] se comprometeu a acompanhar, através do diretor-geral da Polícia Federal, e apresentar para uma investigação para verificar se existia algo ilícito", disse o servidor.
Em uma transmissão ao vivo em uma rede social, nesta quinta (24), Bolsonaro confirmou ter se reunido com o deputado Luis Miranda, mas acrescentou que o parlamentar não relatou a ele suspeitas de corrupção envolvendo as negociações pela Covaxin.
Também na quinta, no entanto, um grupo de senadores aliados do governo – integrantes da CPI da Covid – disse que, após ter sido informado das suspeitas, Bolsonaro acionou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Um dia antes, na quarta (23), o ministro da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, disse que o governo iria pedir a investigação dos irmãos Miranda por denunciação caluniosa.
Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, em depoimento à CPI da Covid Foto: Pedro França/Agência Senado |
O depoimento à CPI
Aos senadores, o servidor da Saúde disse que, durante a execução do contrato da vacina Covaxin, recebeu diversas mensagens e ligações cobrando a liberação do imunizante, o que não aconteceu com vacinas de outras farmacêuticas.
Segundo Luis Ricardo, foram constatadas irregularidades e cobranças indevidas na proposta enviada pela vacina, "erros primários", disse, que travaram o processo. A cúpula da CPI suspeita que uma empresa de fachada foi indicada para receber parte do recurso do pagamento do imunizante.
O servidor disse que no dia 19 de março, uma sexta-feira, Marcelo Bento Pires enviou uma mensagem às 23h em que dizia: "Meu amigo, estamos com muitos brasileiros morrendo. Precisamos fazer tudo para ajudar. O representante da empresa veio agora à noite falar com o Elcio [Franco, ex-secretário executivo da pasta] para agilizar a LI [licença de importação] para encaminhar as vacinas esta semana, quatro milhões."
Na sequência, ele encaminhou o contato de um coordenador da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, empresa usada como intermediária na venda da Bharat Biotech ao país. A Precisa é investigada pelo Ministério Público.
Já sobre Alex Lial e Roberto Ferreira, superiores diretos do servidor, Miranda disse que recebia ligações perguntando "se acionou a empresa", "se já conseguiu a documentação", "se já foi protocolado na Anvisa". "Sempre um andamento, mas com bastante constância", afirmou.
Fonte: G1
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